Não sei dizer quantas vezes já fiquei na mão por causa do meu bom e velho carro.
Bem, com quem isso já não aconteceu?
Entretanto, na última, ocorreu algo que me fez pensar, repensar, refletir e materializar essas próximas linhas...
O carro parou exatamente no cruzamento da Av. Goiás e Rua Manoel Coelho, plena 18h... pensei “era tudo que eu precisava”.
Mantive a calma, soltei o freio de mão e consegui quase que colocá-lo à minha esquerda da Rua Manoel Coelho.
Digo quase, porque ficou com a frente toda para a avenida... estava uma coisa!!! Comecei a tomar umas buzinadas, enfim, que fazer? Pedir ajuda!
Antes que eu concluísse o pensado, apareceu uma moça, muito simpática e disse: vamos! Eu te ajudo a empurrar!!!
Achei muito interessante a atitude, ela não tinha cara que tinha muita força física pra isso. Tinha sim, muita força de vontade! Sendo bem realista, o que não era suficiente para o momento!
E eu, de vestidinho, salto alto, na minha feminilidade, só consegui dizer: Ahm? Como? Sem contar que nunca empurrei um carro, que nunca troquei um pneu. Sou fresca sim! Admito e confesso! Não entendo nada e não faço questão nenhuma de entender!
E ela, “Ah amiga (como se me conhecesse há séculos) não queremos independência ‘deles’?”
Na hora não consegui responder mas aquela pergunta me intrigou porque se não fosse o carro parado quase no meio da avenida eu não conseguiria concordar com ela!
Então, semáforo fechado, quatro motoqueiros parados, olhei pra eles e instintivamente, pedi ajuda para empurrar o carro para o outro lado da rua. Todos vieram ajudar!
Agradeci aos céus a fragilidade de ser mulher numa hora dessas.
E depois de solucionar o problema do carro – falta de combustível – pasme, marcador quebrado dá nisso, fiquei com a pergunta da mocinha que desapareceu diante o aparecimento deles.
“Não queremos independência ‘deles’?”
Primeiro: ‘eles’ não são extraterrestres, insetos ou qualquer coisa da qual queremos distância (digo no plural porque a menos que você (mulher) seja homossexual (nada contra!)). Eles são os homens que convivem conosco desde que existe ser humano na terra, lembram Adão e Eva? Então, por aí.
Segundo: vou dizer agora por mim e por que! Eu não quero independência “deles”!
Tão pouco quero dependência.
Que tal CO-DEPENDÊNCIA!?!?
Que tal naquilo que nós mulheres somos boas, sermos para eles e naquilo que nossos homens fazem de melhor sermos auxiliadas por eles!?
Qual o problema? Qual o orgulho? Qual o complexo de inferioridade nisso?
Quero olhar para o meu homem e dizer: ajuda-me com isso, por favor. Mostrar a ele que preciso dele sim! Que me faz bem isso, que não sou auto-suficiente (e nem quero ser).
Ao mesmo tempo em que num momento seja necessário o cuidado feminino poder fazer exatamente o mesmo por ele. Sem que por isso sejam travadas guerras de auto-afirmação e poder.
Esta é minha opinião.
Não quero convencer ninguém. Não quero defender nem mulheres, nem homens.
Quero defender valores que estão se perdendo porque hoje as relações consistem em competição. Quero defender a família porque sozinho ninguém constrói lar e conseqüentemente deixa sua história.
Em provar que ninguém precisa de ninguém e com isso o melhor que é o crescer juntos fica de lado, relegado a quinto plano.
Quero precisar e quero saber que também precisa do meu lado mulher.
Para eles: precisem do nosso lado mãe, mulher, sensível e do nosso jeitão polivalente de fazer tudo ao mesmo tempo.
Para nós: precisemos do lado pai, homem, cuidador, protetor e do jeitão focado de só conseguir fazer uma coisa por vez.
Fomos criados para sermos complemento um do outro e não para sermos antagônicos.
Por isso o encaixe tão perfeito quando fazemos amor.
Mulherada: sei que somos poderosas.
Vamos usar nosso poder em nosso favor, sejamos inteligentes e criativas. Sejamos sábias!
Já provamos que temos direito ao respeito e ao lugar na sociedade.
Sejamos fortes sem perder a doçura.
Sejamos firmes sem perder a humildade.
Sejamos valorosas, vamos defender a família, o amor, a união e o respeito.
Isso traz força não para nós mas para todos.
Isso nos mantém no caminho para o qual nos foi proposto existir: evoluir.
E evolução é individual mas não se consegue sozinho.
Evoluímos por meio de amar... e amar ainda e também é direcionado ao próximo, seja este mulher ou um homem!
Co-depender sem depender de conceitos e preconceitos.
Co-dependa!
Luzia Rocha